segunda-feira, 7 de outubro de 2013

Sobre Viagens no Tempo e Casos de Flatulência

            Atendendo às urgências de um súbito desconforto intestinal, apressou-se em sair de sua máquina para aliviar suas necessidades. Certificou-se de que não precisaria fazer mais nada antes de voltar, pois todo cientista mestrado nas artes de desvendar mistérios sabe dos perigos de misturar viagens no tempo e casos de flatulência. Calculou sua rota de volta para não ser atingido pelos raios errantes que a enorme barata de cobre cuspia de suas antenas, ou para não ser queimado pelos vapores fumegantes que ela bufava de sua couraça. Assumiu a cabine do piloto, deu partida no seu inseto metálico, ajustou a data da viagem, e apertou os cintos. Esteve de volta ao tempo dos xamãs e dos guerreiros, apenas para estudar os primitivos instrumentos musicais. Catalogou mais de mil variações de cítara, outras quinhentas de atabaque, e agora estava empenhado em achar a raiz definitiva de bumbo cósmico. Mas quando finalmente pensou estar fazendo algum progresso em sua pesquisa sentiu um verdadeiro turbilhão em suas entranhas, e teve que voltar correndo para sua época. Atravessou os labirintos do espaço-tempo, amaldiçoando todos os descendentes da vaca que foi servida no almoço com o molho de ervas, e desejando uma morte lenta e dolorosa ao fazendeiro que cultivou os repolhos que compunham a salada. 

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