Atendendo às
urgências de um súbito desconforto intestinal, apressou-se em sair de sua
máquina para aliviar suas necessidades. Certificou-se de que não precisaria
fazer mais nada antes de voltar, pois todo cientista mestrado nas artes de
desvendar mistérios sabe dos perigos de misturar viagens no tempo e casos de
flatulência. Calculou sua rota de volta para não ser atingido pelos raios
errantes que a enorme barata de cobre cuspia de suas antenas, ou para não ser
queimado pelos vapores fumegantes que ela bufava de sua couraça. Assumiu a
cabine do piloto, deu partida no seu inseto metálico, ajustou a data da viagem,
e apertou os cintos. Esteve de volta ao tempo dos xamãs e dos guerreiros,
apenas para estudar os primitivos instrumentos musicais. Catalogou mais de mil
variações de cítara, outras quinhentas de atabaque, e agora estava empenhado em
achar a raiz definitiva de bumbo cósmico. Mas quando finalmente pensou estar
fazendo algum progresso em sua pesquisa sentiu um verdadeiro turbilhão em suas
entranhas, e teve que voltar correndo para sua época. Atravessou os labirintos
do espaço-tempo, amaldiçoando todos os descendentes da vaca que foi servida no
almoço com o molho de ervas, e desejando uma morte lenta e dolorosa ao
fazendeiro que cultivou os repolhos que compunham a salada.
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